O consumidor está no centro das nossas estratégias mobile?

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O mercado de publicidade móvel já começa a ocupar espaço de destaque e a receber cifras relevantes, mas ainda engatinha quando se leva em consideração o seu potencial
Como profissional do segmento mobile, publicidade e tecnologia tenho participado de muitos debates e eventos sobre tendências e uma frase utilizada por Andres Stella, da Brandtone marcou, durante o encontro MMA Ballroom. O executivo pontuou que “as marcas não podem mais ir para a janela e gritar para todos”. A analogia faz referência a estratégia tradicional de muitos anunciantes e suas agências em optar por altos investimentos em propagandas televisivas, que atingem a massa com uma mensagem padrão.

O cenário publicitário cada vez mais digital se tornou complexo com diferentes formatos, maneiras de comprar mídia, possibilidades de segmentação de audiência e, principalmente comprovação dos resultados. Chega a ser curioso que os valores aplicados no formato televisivo tenham aumentado visto que a audiência está em declínio. É bom que se deixe claro que não há uma postura contra a publicidade em TV e esta opção é mais do que reconhecida como forma de ampliar conhecimento de marca. A realidade é que mobile não é mais um canal concorrendo com outros, mas sim uma camada em que as pessoas estão conectadas a todo momento para acessar conteúdos, redes sociais e está sempre a um toque quando estão à frente da TV ou ouvindo rádio.

O primeiro aspecto em pauta é que este novo comportamento das pessoas precisa ser melhor compreendido pelas marcas, principalmente em função das oportunidades de inovação e interações possíveis. James Galpin, da Millward Brown, trouxe diversos casos de que uma estratégia combinada de diferentes mídias com mobile possuem alta sinergia e gera melhores resultados de engajamentos do que as ações isoladas. Um exemplo é a série logout com cenas que complementam, via smartphone, aquilo que é passado na imagem televisa. A integração também vale quando se pensa em e-commerce e loja física. Ninguém melhor do que Romero Rodrigues, do Buscapé, para garantir que eles se complementam, citando o case em que os clientes que visitassem a Best Buy e escaneassem o preço dos produtos, ganhariam descontos na Amazon.

Outro ponto fundamental desta discussão é o retorno que cada mídia oferece para a marca versus o investimento. E novamente o mobile desponta como a a bola da vez, pela capacidade de segmentação, ou seja, de encontrar a audiência exata que faz sentido para determinada ação ou campanha, possibilidade de mensuração do impacto e pelo custo vantajoso ao se levar em conta as mídias tradicionais. Mais do que o custo, o que está em jogo é o valor e a oportunidade de criar uma comunicação direta com o seu público target, em oposição ao grito na janela. O mobile permite diálogos mais assertivos com os consumidores. Menos é mais.

Dentro deste contexto é necessário um alerta sobre a necessidade de encontrar, saber conversar e estabelecer uma comunicação direta e específica com uma determinada pessoa. Hoje a tecnologia e o acesso por dispositivos móveis permitem esta precisão, otimizando os investimentos e conversão. O desafio passa pela forma como os dados são coletados, arquivados, a privacidade e proteção dessas informações, os possíveis cruzamentos e, principalmente, a capacidade de gerar relatórios inteligentes com insights que tornem a comunicação mais efetiva e aumente o ROI.

Conhecer o consumidor com o qual se deseja criar um vínculo duradouro e ser útil para ele é palavra de ordem. Um exemplo claro é o desejo que todas as marcas têm de pedir para a sua agência criar um App. Vivemos um boom de novos Apps de marcas, mas nenhum deles consegue entrar na lista dos mais baixados ou competir, pois em algo básico: efetivamente facilitar a vida minimizando dificuldades.

O mercado de publicidade móvel já começa a ocupar espaço de destaque e a receber cifras relevantes, mas ainda engatinha quando se leva em consideração o seu potencial, principalmente pela capacidade de gerar resultados mensuráveis para as marcas, atingindo a audiência específica com a mensagem adequada. As oportunidades de interação e sinergia entre canais também devem ser melhor exploradas. É fundamental que as marcas se adaptem ao que o consumidor necessita, e não àquilo que elas querem eles se adequem. De meros manipulados pelas marcas, os consumidores passam a ditar o futuro delas. Aquele grito na janela, nem sempre é o que a multidão quer ouvir. E insistir nesta estratégia custará caro.

 

Fonte 

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